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quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A flor de Laura - parte II

Amigos, aquele momento foi mágico. Nunca o esquecerei. Minhas lembranças mostram agora o dia em que descobri onde eu estava.  Caminhava solitário, sem saber aonde ir. Meus pés pareciam ter vida própria. Bom, talvez o destino me guiasse. Só sei que tudo era muito colorido, o céu tinha um azul, que tocava o meu coração. A paz e a tranqüilidade pareciam donas daquele lugar. Derrepente meus olhos avistaram algo. No meio daquela imensidão de flores, existia uma casa. Talvez a mais simples que tenha encontrado naquele mundo. Porém muito melhor do que algumas casas, de minha cidade. Ao lado da casa, um ser estava plantando algumas flores. Não sei lhes dizer se era homem ou mulher. Tinha um braço longo e fino, seus olhos eram negros, e seu rosto fino e magro. Observei por alguns segundos a cena, o medo havia me paralisado. Fechei meus olhos e os abri. No meio daquela imensidão de paz, soltei o maior berro de toda a minha vida. Aquele ser, estava na minha frente. Olhou-me por uns trinta segundos e disse:
- O que fazes aqui senhor? – sua voz era fina e doce, mas em seus olhos a raiva dominava.
- Não sei, estava em minha terra quando em um buraco negro cai. Agora caminho sem rumo.
- Entendo o senhor é humano não é?
- Como assim? Você não é?
- Eu!? Bom pelo visto, tu não sabes onde está não é!?
- Não.
- Vamos até minha casa que lhe explicarei tudo.

Ele pegou em meus braços e em alguns segundos já nos encontrávamos em sua casa, em uma mesa simples.

- Queres café?- ele perguntou-me
- Sim!- respondi, pois estava com muita fome.
O anjo então se levantou e me serviu.
- Bom , o senhor, não sabe mesmo onde está? – neste momento vi que sua face mudara, e ao invés de raiva, a compaixão o dominava.
- Olha, realmente eu não sei.
- Bom primeiramente devo me apresentar, meu nome é amor.
- Puff!- cuspi todo o café, - como assim? Teus pais te batizaram com esse nome?
- Não!- e deu um soco na mesa. - Você não entende, eu sou o amor.
- Hm!? Amor? O amor tem raiva?
- Que ódio! Vocês humanos e suas imagens de bem e mal.
- Calma! Isso é tudo novo pra mim.
- Tudo bem, vou lhe contar uma história, acompanhe-me até a estufa.

Levantamos e caminhamos até sua estufa. Então ele começou a falar.
- Sabe, eu sou amor. Aqui neste lugar, fora dos portões, vivem todos os sentimentos que controlam o mundo. Aqui, nesta estufa, trabalho todos os dias para manter o equilíbrio do mundo. Cada flor, neste lugar, é uma vida que vai se criar. – então passou a mão nas flores.- Cada novo coração, cada nova alma que nascerá tenho de plantar uma flor, e assim colocar em sua essência as duas maiores forças que ele jamais conhecerá por completo. O amor e o ódio. Ou melhor, o amor. Pois o ódio existe para que as pessoas valorizem-me. Sabe, o ódio é uma das minhas formas.

- Entendo por isso tu, às vezes, mostra ter tanta ira dentro de si.

- Isso mesmo. Venha.

Ele começou a caminhar e o acompanhei. Chegamos, então, aos campos em que eu caminhava.

- Cada flor neste lugar, é uma pessoa. Tenho de cuidar de todos. Porém muitos não me aceitam, então não posso cuidar deles. Acabam assim. – apontou o dedo, para uma flor murcha.

- Aquela pessoa morreu?

- Não fisicamente, mas sua alma já está morta. Ele já não tem mais força para viver. Aguarda apenas, o beijo mortal.

- Não há como salva-lo?
- O único jeito, é ele me reviver dentro dele. Porém a dor, minha vizinha, tomou conta, e ele apenas deixa a nostalgia, que vive com a dor, encostar nas suas folhas.
- Então todos os outros também tem flores, como você ?
- Sim!
- Até os sentimentos ruins?
- Amigo, não existem sentimentos bons ou ruins, apenas existem sentimentos. Se você humanos, soubessem sentir, ao invés de só raciocinar e raciocinar, saberiam lidar conosco.
- Até a tristeza?
- Companheiro, acho que não entendeste. Não existe tristeza neste mundo, apenas a felicidade. E toda vez que nasce alguém a felicidade coloca essas energias dentro da pessoa. Alegria e tristeza. As pessoas têm que equilibrarem esta força.

- Mas porque existe tristeza?
- Para que todos vocês, saibam dar valor a um sorriso. Pois se não existissem essas forças vocês não me valorizariam, e não valorizariam a felicidade.
- Posso te fazer uma pergunta?
- Amigo, é claro que posso mostrar a flor dela.
- Como você sabe?
- Eu sou o amor lembra? Sei o que sente por ela.
Então ele pegou em meus braços e rapidamente estávamos do outro lado do campo, então no meio de umas flores roxas, não sou um conhecedor de flores por isso só vou me ater às cores delas, ele apontou uma flor vermelha. O vermelho mais vivo que já vi.
- È ela?
- sim.
- Nunca vi flor mais bonita em toda a minha vida!- Com lágrimas nos olhos não consegui esboçar mais nenhuma palavra.
- Realmente, ela é cheia de amor dentro se si. Porém também tem seus defeitos. Lembre-se disso.
- Eu sei, conheço-a como ninguém. – secando minhas lágrimas perguntei-. Como pude sentir o que sinto por ela, apenas ao vê-la pela primeira vez?
- Companheiro, isso não posso lhe falar. Você tem que descobrir por si só.
- Ela me ama?
- Isso também, você tem que descobrir sozinho. Porém devo lhe mostra uma coisa, venha comigo.

Então o amor pegou em minhas mães e num piscar de olhos estávamos na frente de um portão. Nunca havia visto tão pequeno e tão bem cuidado portão. Não lembro muito do que aconteceu. Só sei que saiu um cara de dentro do portão, com uma roupa azul. Pegou em minhas mãos e mandou-me entrar. Não lembro o que o amor fez, ou se ele falou algo.

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